'Prêmio é Mega-Sena acumulada', diz Fernanda Torres sobre vencer o Globo de Ouro
06/01/2025
Vencedora da categoria melhor atriz de drama por "Ainda estou aqui" deu entrevista ao Estúdio i no dia seguinte ao prêmio. 'Totalmente virada', brincou a atriz. Fernanda Torres: É Mega-sena acumulada
Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro de melhor atriz de drama pelo filme "Ainda estou aqui", disse que o prêmio deste domingo (5) "é Mega-Sena acumulada" porque o brasileiro tinha revanchismo, uma sensação de injustiça, após sua mãe, Fernanda Montenegro, perder o mesmo prêmio e o Oscar em 1999.
"O prêmio é Mega-Sena acumulada porque teve a onda da minha mãe. As pessoas tinham um negócio da revanche e da injustiça. E aí, saiu agora. É o meu momento jogador de futebol, vou aproveitar."
'Totalmente virada'
Em entrevista ao Estúdio i nesta segunda-feira (6), Fernanda Torres disse que ainda estava com "o cabelo de ontem", dizendo que ainda não tinha dormido depois da premiação. "Estou com o cabelo horrível, vou virar meme. Só a Sadi para me convencer a dar entrevista desse jeito", brincou.
Sem discurso pronto
A atriz disse que não acreditava que ganharia o prêmio e que estava relaxada durante a premiação. “Não tinha discurso de agradecimento. Eu realmente achava que não ia levar”, disse. "Eu pensava 'eu não tenho a menor chance aqui, falando português, é algo super americano'. Eu estava relaxada. Aí vi a Viola [Davis] falar meu nome, eu não acreditava. Fui andando até o palco e vi as pessoas, atores e atrizes que eu admiro muito, aplaudindo."
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Veja repercussão da vitória de Fernanda Torres
A atriz destaca que as concorrentes ao prêmio – Fernanda concorria com Nicole Kidman ("Babygirl"), Angelina Jolie ("Maria Callas"), Kate Winslet ("Lee"), Tilda Swinton ("O quarto ao lado") e Pamela Anderson ("The last showgirl") – ficaram muito felizes com a vitória da brasileira e que, para ela, isso é o principal.
"Elas ficaram felizes, foi uma coisa bonita. Na caminhada que eu dei, tinha a Tilda, a Kate e a Nicole, e elas ficaram muito felizes. Elas ficaram muito agradecidas porque é um tipo de filme que elas querem fazer, papéis que elas têm interesse em fazer."
Realidade paralela
Fernanda diz que a sensação de ter vencido o Globo de Ouro é de como estar em outra realidade e que parece não acreditar em tudo o que aconteceu.
"Na hora, eu tive uma sensação de estar vivendo uma realidade pararela, de que eu estava em Marte. Eu fui andando no corredor e fui vendo aquelas pessoas que vi a vida inteira no cinema. E aí, tive que fazer um discurso que nem eu via desde pequena as pessoas fazendo em inglês. Aí, eu fui lá para trás e você fica dando entrevistas com a Viola Davis do meu lado. Eu tenho a sensação de que estou numa realidade paralela."
A barreira do idioma do filme foi algo que fez a atriz achar que não ganharia o prêmio. "É uma barreira imensa de você vencer. É como, no Brasil, alguém vencer falando uma língua de um povo originário da floresta. Tem uma barreira cultural para a gente vencer. Foi uma coisa muito impressionante eu ter levado esse prêmio ontem."
'Eu não separo carreira internacional de carreira nacional', afirma Fernanda Torres
Fernanda Torres também afirmou que não há planos, no momento, de abraçar trabalhos em Hollywood e que sua casa é no Brasil, mas não descartou trabalhar no exterior caso apareça uma oportunidade que ela avalie ser boa.
“Eu não separo carreira internacional de carreira nacional. Se tiver uma coisa legal para fazer, com um diretor bacana, e se eu der conta, vou amar. Mas a minha base é o Brasil. Eu não tenho nem mais idade para ir a Los Angeles tentar minha vida com esse corpinho de 59 anos”.
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'Ainda estou aqui'
Em "Ainda estou aqui", uma produção original do Globoplay dirigida por Walter Salles, a atriz revive a história real de Eunice Paiva, advogada e mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva. Eunice passou 40 anos procurando a verdade sobre Rubens (interpretado por Selton Mello), seu marido desaparecido durante a ditadura militar no Brasil.
Essa é a primeira vitória do país no Globo de Ouro desde 1999, quando "Central do Brasil", também com Montenegro, venceu como melhor filme em língua estrangeira. Fernanda perdeu o Globo de Ouro naquele ano para Cate Blanchett, por sua atuação em "Elizabeth".