Dois anos do 8 de janeiro: Janja diz que Planalto foi 'vítima do ódio': 'Nossa resposta é a união'
08/01/2025
Primeira-dama discursou na abertura de um evento na sede do Poder Executivo em lembrança aos atos golpistas de 2023. Cerimônia marca a volta ao Planalto de 21 obras danificadas por vândalos que foram restauradas. Janja: 'País não aceita mais o autoritarismo'
A primeira-dama, Janja da Silva, afirmou nesta quarta-feira (8) que o Palácio do Planalto foi "vítima do ódio" nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ela deu a declaração durante cerimônia em lembrança aos ataques às sedes dos Três Poderes.
Ela também afirmou que o governo tem buscado responder com "união e solidariedade" aos atos de 2023 – promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – e a falas antidemocráticas e autoritárias.
A esposa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez o discurso no Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo, em um evento que marcou a volta, ao acervo da Presidência, de obras danificadas por vândalos. Os itens foram restaurados por especialistas.
A primeira-dama Janja durante pronunciamento em cerimônia em lembrança aos dois anos dos atos golpistas de 2023
Reprodução/Canal Gov
"O Palácio do Planalto, onde estamos hoje, foi vítima do ódio que estimula e continua estimulando atos antidemocráticos, falas fascistas e autoritárias. Para isso, a nossa resposta é a união, a solidariedade e o amor", afirmou Janja.
A primeira-dama também afirmou que o Palácio do Planalto e as obras do acervo da Presidência são "bens" que orgulham os brasileiros "independentemente de diferenças".
"Somos brasileiros e brasileiras e devemos exaltar o que construímos juntos. O que temos é um legado que devemos proteger, cuidar e passar adiante para que as próximas gerações tenham a oportunidade de nos inspirar nas conquistas do nosso povo [...]. Democracia sempre, cultura sempre", declarou.
Janja também afirmou que os atos de 2023 precisam estar "na memória do país como um alerta de que a democracia deve ser defendida diariamente".
"Memória é o antídoto contra as tentações autoritárias. Por isso, preservar o nosso patrimônio histórico é tão importante para sempre nos lembrarmos daquilo que fomos e dos caminhos que devemos trilhar para construirmos um amanhã em que todos os brasileiros tenham vez e voz", declarou.
A esposa de Lula destacou ainda a participação de artistas na contestação de momentos autoritários no país e citou a atriz Fernanda Torres, premiada nesta semana com o Globo de Ouro de melhor atriz de drama em razão da atuação no filme "Ainda Estou Aqui".
Na obra, a atriz interpretou Eunice Paiva, mulher do ex-deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar.
Mil horas para restaurar relógio, diz embaixador
Relógio do século XVII, que foi destruído por vândalos, foi um dos itens restaurados
Reprodução/Canal Gov
O embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, afirmou que o restauro do relógio do século XVII é um exemplo da parceria entre os dois países.
"A restauração foi complexa. Precisou da excelência, mas também da criatividade e do jeitinho suíço-brasileiro", disse.
De acordo com o embaixador, foram mais de mil horas de trabalho, entre Brasil e Suíça, para viabilizar o restauro da peça e treinar profissionais que poderão fazer a manutenção do relógio.
"Esse objeto icônico está de volta ao povo brasileiro", destacou.
Durante a cerimônia, Lula e Janja observaram de perto o relógio e a ânfora.
Em seguida, o petista seguiu até o mezanino do Palácio, no terceiro andar, e descerrou o quadro "As Mulatas". A obra de Di Cavalcanti foi perfurada nos atos golpistas, recuperada e recolocada no local em que estava há dois anos, no hall anterior ao gabinete de Lula.
R$ 2 milhões investidos, diz Iphan
Relógio restaurado chega ao Palácio do Planalto; imagem (à direita) mostra como ele ficou após o ataque de vândalos
Guilherme Mazui/g1
Segundo o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Antonio Grass, o governo investiu R$ 2 milhões no restauro das 21 obras.
Os recursos também viabilizaram acesso de alunos da rede pública de ensino a ações de educação patrimonial e a produção de um livro sobre a recuperação das peças.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou que o país enfrentou uma "tentativa de golpe" há dois anos e que a cultura faz parte da expressão da democracia.
"Cultura e arte brasileiras são um tesouro inquestionável e inquebrantável. É por isso que as ditaduras buscam destruir a cultura", disse a ministra.